Por aqui todos os planos mudaram
Tenho andado ausente, muito ausente...
Preparava o meu regresso para quando fosse a Fátima a pé, contudo, as circunstancias da vida mudaram e o meu regresso fica marcado por este assunto assombroso que nos persegue há meses, o Covid-19.
Prometi a mim mesma que não viria aqui falar sobre o assunto, muito menos fazer um post triste e sombrio, porém sinto que é quase incontornável.
Sou uma pessoa despreocupada e que não gosta de alarmismos e por isso, aqui me confesso, inicialmente desvalorizei completamente esta situação, tal como muitos, via as noticias e acreditava que aquilo ia ficar por ali.
Os dias foram passando e os números começaram soar alerta dentro da minha cabeça. Isto da globalização e fronteiras "abertas" é na esmagadora maioria das vezes muito bom, mas nestas situações é do pior. Um infeta dois, dois infetam quatro, quatro infetam dezasseis... é matemático e ultrapassa qualquer fronteira.
É engraçado que quando é do outro lado do Mundo, achamos "ah e tal é muito longe não vai chegar cá" mas depois de ver o vírus a entrar com toda a força na Europa, em países em que os costumes e crenças são tão idênticas às nossas... aí começa a ficha a cair.
Nunca em momento algum da minha existência, imaginei ver-me nesta situação, olhar para o lado e sentir desconfiança e medo. Sempre achei que a Humanidade se iria deparar com problemas deste género, porém nunca imaginei que fosse presenciar a tal pandemia na nossa geração ou na geração dos nossos filhos.
Hoje olho à volta e apercebo-me que isto é apenas o inicio de uma nova Era, uma Era em que as pandemias e epidemias vão ser recorrentes e mais difíceis de tratar.
Hoje, estou a cumprir o meu 6 dia de isolamento social, estou com o meu filho em casa e o único que sai (e apenas para trabalhar) é o meu marido. Neste momento, o que mais desejava era manter esta distancia do mundo lá fora, contudo a comida e os bens essenciais começam a esgotar-se cá em casa.
Vejo os noticiários e começo a sentir algum stress dentro de mim. As filas de supermercado assustam-me pois não quero estar fora de casa mais tempo do que o necessário.
Vejo os noticiários e sinto-me revoltada contra esta sociedade que cada vez mais se mostra profundamente egoísta.
Pergunto-me qual é a necessidade de açambarcar comida, bens essenciais, álcool, luvas e mascaras, deixando prateleiras vazias para quem vem a seguir?
Será que essas pessoas pensam que vivem numa ilha e que são as únicas a precisar?
Será que essas pessoas pensam que são mais importantes do que as restantes?
Ou pura e simplesmente pensam: "Eu já tenho, os outros que se f"d*#!
É V E R G O N H O S O o umbiguismo do ser humano.
V E R G O N H O S O...
Amanhã é um novo dia e eu quero acreditar que tudo vai correr bem...
Tomemos conta uns dos outros, por nós, por todos os que nos rodeiam. Por aqueles que gostamos e por aqueles que gostamos menos um bocadinho. Afinal de contas, todos nós estamos cá por um motivo, todos nós temos um lado bom e um lado mau, todos nós temos amigos, família, ligações que nos transforma em Ser Social.
Apelo a quem me lê, para que coloque a mão na consciência, vamos ser mais uns para os outros. Mais solidários, mais humanos, mais humildes, mais amor...
PS. Porra! Não queria alongar-me mas acabei por fazer uma dissertação. Sorry!